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Hospital Ophir Loyola é palco de mais um matrimônio

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Um paciente que teve o casamento desmarcado por conta de um câncer se uniu em matrimônio neste sábado (10), no auditório da radioterapia do Hospital Ophir Loyola, em Belém. O lavador de carros Francisco Carlos da Silva, 64 anos, tem uma relação estável com Lucidalva Rayol da Silva há 18 anos. O casal tem uma filha, Carla Luana, de 11 anos. Eles sempre tiveram uma vida simples e comum, mas o diagnóstico do câncer mudou essa realidade.
 
Em fevereiro deste ano, Francisco teve febre durante 30 dias. Passou por uma série de exames, sem esclarecer o motivo pelo qual ele estava doente. Apenas no final de setembro, recebeu a confirmação de um câncer no esôfago - um tubo muscular indispensável para o processo digestivo, responsável por conduzir o alimento da boca até o estômago. 
 
Lucidalva conta que o diagnóstico foi sofrido e angustiante para a família, Francisco apegou-se a fé e começou a participar mais da igreja. “Continuamos buscando a Deus. No terço dos homens ele sentiu a necessidade de comungar, mas expliquei que não poderia porque não éramos casados; ali mesmo tomou a decisão”, lembrou a noiva.
 
Francisco foi encaminhado para o Hospital Ophir Loyola, referência em oncologia no estado do Pará para dar início ao atendimento. Os exames especializados apontaram que a doença está na fase inicial, o que aumenta e muito as chances de cura. Por isso, os especialistas decidiram pela cirurgia o mais breve possível. Com a internação, o casamento que estava agendado para o último sábado (3), de forma rápida, no distrito de Icoaraci, em Belém, precisou ser desmarcado.
 
Após exames pré-operatórios, a cirurgia foi agendada para esta semana, porém Francisco não queria passar pelo procedimento antes de estar casado e sem comungar, ou seja, sem receber pela primeira vez o sacramento da eucaristia, um ritual católico em que se acredita receber o corpo e o sangue de Cristo em prol da vida eterna.
 
O desejo foi revelado à assistente social Arlene Gama, que por respeito a fé do paciente e por uma questão de humanização mobilizou a equipe multidisciplinar da Clínica Cirúrgica e os voluntários do hospital para atender ao pedido. “Antes de sermos profissionais, somos seres humanos. É a vida de alguém que está passando por um processo de adoecimento muito difícil e que queria participar da Ceia do Senhor. Estamos muito satisfeitos e emocionados em contribuir com este momento de felicidade para ele”, afirmou.
 
Na data em que o enlace foi cancelado, não haveria comemoração devido à situação do noivo e ambos esperavam somente a cerimônia, mas foram surpreendidos com a decoração, maquiagem e penteado da noiva, bolo de casamento, coffee break, fotógrafo, apresentação de voz e violão e brindes para os convidados.
 
O noivo surgiu ao lado da filha do casal, dentre os padrinhos um colega de enfermaria. Em seguida entrou a noiva ao som de “Ave Maria”. Não se sabe ao certo quantos matrimônios foram realizados no Hospital Ophir Loyola, mas cada um traz uma história comovente e um significado especial: o amor supera barreiras.
 
Eles ficaram por alguns momentos relembrando o dia em que se conheceram e tudo o que viveram até o dia de hoje e, finalmente, Francisco recebeu a bênção de Deus e entrou em comunhão com Cristo como desejava. “Eu estou tocado, sinto a paz dentro de mim, recebi a eucaristia e estou casado com uma mulher maravilhosa”, declarou.
 
A cerimônia inicial seria na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, local onde Lucidalva congrega e que Francisco passou a frequentar ao ser diagnosticado com câncer, portanto a união religiosa foi celebrada pelo padre Fabrício Albuquerque daquele local. O tema escolhido pela noiva foi exposto pela menina Carla “Dois Corações Unidos pelo Sacramento do Matrimônio em Busca de Uma Cura”, a esperança do paciente que passará pela cirurgia na próxima terça-feira (13).
 
Por Leila Cruz
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